A Arte como organização da experiência

Memorial 1

Minha tentativa de reproduzir a pintura da época.

Sérgio Taioli é psicólogo, especialista em Arte-Educação e mestre em Educação pela USP

Eu e Dona Lia, na quarta série.

Fazendo um relatório semanal para a professora Ana Amália, do curso de especialização em Arte-Educação da USP, tive um fortíssimo insight na direção do passado. Lembrei-me de minha professora de quarta série, Dona Lia. Ela nos pedia para pintar todo e qualquer desenho que produzíamos em sala de aula, e eu sempre pintava. Num certo dia, sem mais nem porquê, comecei a raspar com a faca os grafites dos lápis de cores e, com os dedos, colorir os desenhos propriamente ditos.

Eu nem sonhava que estava utilizando uma técnica, a do pastel – ainda que fosse com o material “errado”. Por mais esforço que eu faça, hoje, não consigo entender de onde vem essa informação; só sei que, ao pintar com o dedo meus desenhos, eu “sentia” que uma textura uniforme ia tomando conta do papel, e que eu, até então, jamais havia conseguido isso, pintando com lápis, giz ou qualquer outro material.

Ao aprimorar essa minha forma de pintar, percebi que a uniformidade ficava maior quanto mais fino era o corante (no caso, o pó de lápis). Às vezes não ficava muito bom, devido a alguns pedacinhos de grafite, que não tinham sido devidamente raspados, e que, quando eu passava o dedo para espalhar, riscava sobre o colorido. Não gostava muito, porque naquele momento eu buscava o uniforme, a lisura, a “perfeição”.

As crônicas de Sérgio Taioli são parte da série chamada Memoriais.

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