4 _ Casar para imigrar
Foto: Tú Anh.
Rodrigo Fessel Sega é sociólogo pela Unicamp
Da série “Amanda Pro Canadá”
O marido de Amanda a puxou de canto ao final da festa de casamento. Disse que jamais imaginaria que ele estaria tão feliz por casar-se com ela. Confessou que achava que a cerimônia do casamento seria muito simples, por causa das economias que estavam fazendo, mas que foi surpreendido. Na verdade, Amanda nunca contou para ninguém, mas chegou a achar que não iria gostar da sua cerimônia. Com menos de um ano para organizar e com poucos recursos, ela só queria que aquilo acabasse logo. Quando seu marido lhe disse aquilo, respirou aliviada. Retrucou, logo em seguida, que sempre achou que, do lado dele, as coisas iam muito bem. Os dois mereciam ser felizes e acreditava que, no final, tudo sempre dá certo.
Eles decidiram trocar alianças quando Amanda descobriu que, casados, conseguiriam mais pontos para o processo de imigração para o Canadá. Entretanto, ela tinha pensado em se casar muito antes, desde a primeira vez em que entrou meio confusa no site do consulado canadense para verificar se ela e o namorado faziam parte do perfil de imigrantes pelo qual o país se interessava. Eles se encaixavam no perfil, faltava apenas casar. Tinham um dinheiro guardado, mas não usaram na festa. Essa poupança era para pagar o curso de inglês que ela iria fazer, enquanto seu marido cursaria um college* em Toronto. [*instituição de ensino voltada à educação técnica, com duração média de dois anos.]
Amanda sempre teve o sonho de casar em uma igreja pequena e aconchegante, no centro da cidade, mas com uma festa enorme. A festa foi pequena, mas ela gostou. Preferiu gastar todo o dinheiro guardado no projeto de imigrar para o Canadá. Não sabia se havia feito a escolha certa. No dia seguinte, acordou, viu a aliança em seu dedo e lembrou-se do site do consulado. Ela pensou que talvez não estivesse mais tão insegura assim.
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