Retrospectiva do seu Lunga Jr.

Ô ano complicado. Não dá pra chegar a essa época sem olhar pra trás e refletir sobre tudo o que aconteceu.

Foto: Nastasja Rozencwajg.

Cristiano de Oliveira é colunista do Jornal de Toronto

Ô ano complicado. Não dá pra chegar a essa época sem olhar pra trás e refletir sobre tudo o que aconteceu, mas ao mesmo tempo 2018 tá dando uma preguiça de analisar…

Teve Copa do Mundo, e embora ninguém lembre quem ganhou, ninguém se esquece de quem mais nos matou de raiva, e é claro que me refiro a Neymar, o craque que é fruto do nosso chão: caiu de maduro e por ali ficou. Pois é, esse fruto era jaca, e lá foi ele desabando jogo após jogo. E fica pior mesmo é pra nós: você passa uma vida no exterior tentando provar que nem todo brasileiro é pilantra, daí vem um camarada desses tentar ganhar uma Copa do Mundo enganando juiz? Depois dessa, quando o assunto por aqui for futebol, finja que é gringo e diga “Ai lóve iú”.

Por falar em pilantragem, esse ano eu fiz um experimento. Em meio a muito bate-papo de política, sempre cito o fato de que político não desce de disco voador. Ele sai do nosso meio e carrega nossos mesmos valores distorcidos, só que ele tem a oportunidade de lucrar mais com a sacanagem. Até aí, tudo bem. Daí eu tento trazer a conversa para perto, para os pecados do nosso próprio dia-a-dia. RÁ! Incrível como, de repente, só tem santo a minha volta. Todo mundo vive num mar de honestidade, veio de família muito sofrida, muito trabalhadora, os avós foram escravos (disse uma cidadã mais branca que perna de canadense em março. Deus tá vendo), um chororô medonho, e no fim é sempre assim: sujeira, só a dos outros. Meu experimento concluiu que todo brasileiro é honesto, pobre e sofredor. Os corruptos vieram trazidos de outro planeta pelo Satangôs.

E por falar em política, daí veio a eleição. Se existisse iogurte sabor barraco, com certeza seria feito a partir do cultivo de uma bactéria brasileira. Aquele papo de “dou um boi pra não entrar numa briga”… Tudo conversa fiada. A porteira dessa fazenda abre inteira quando a briga buzina pra entrar. Não adianta tentar conversar, você sempre acaba sendo chamado de burro, ladrão, doente etc. Eu perdi a conta de quantas vezes os universitários das Faculdades Integradas WhatsApp me mandaram ir estudar. Até pensei bem na sugestão, mas acabei optando por seguir carreira no ramo das drogas, crime, vagabundagem, filme pornô, dança do rock, baralho valendo e criação de frango com pixilinga.

Mas o pior da eleição é o que vem agora: os eleitores arrependidos que resolvem me escrever pedindo “umas dicas” pra poder vir morar aqui. É só o que dá: você perde seu tempo dando dica até babar, e a pessoa, além de não dar valor, também não escuta o que você diz porque leu uma coisa mais bonita na internet. Aliás, não sei pra que dica, se a internet já falou que tudo aqui é lindo, a vida vai ser mansa e o extraordinário profissional brasileiro é tratado por todos como o gato do faraó. Ah, eu cansei. A minha dica agora é: vá a CN Tower e a Niagara Falls. E não me chame.

Mas o amor é lindo e vocês moram no meu coração. A todos vocês, aos amigos e também à cambada de safados sem-vergonhas que me fez raiva, eu desejo só coisa boa, luz e prosperidade, e quem tiver mesmo que ir se lascar, desejo que vá de primeira classe.

Paziamô, meu povo, e em 2019 tem mais. Termino meu 14º ano como colunista de jornal nessa terra, e só tenho a agradecer a vocês pela preferência. Obrigado com força e um excelente ano pra nós.

Adeus, cinco letras que choram.

Sobre Cristiano de Oliveira (30 artigos)
Cristiano é mineiro, atleticano de passar mal, formado em Ciência da Computação no Brasil e pós-graduado em Marketing Management no Canadá. Foi colunista do jornal Brasil News por 12 anos. É um grande cronista do samba e das letras.

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