Custo de passagens aéreas entre Brasil e Canadá aumenta mais de um terço

Agentes de viagem estimam aumento entre $300 e $400 dólares

José Francisco Schuster é colunista do Jornal de Toronto

Os agentes de viagens especializados na rota entre Canadá e Brasil confirmam o que os imigrantes têm sentido no bolso: os preços das passagens aéreas aumentaram mais de um terço em apenas um ano, deixando muito mais dispendiosa a viagem para quem vai rever parentes e amigos e visitar a sua terra natal, assim como para os que se iniciam na aventura da imigração ou vêm como turistas ou estudantes. “Os preços aumentaram $300 dólares ou mais”, afirma a agente de viagens Maria Braga. “A média, há um ano, era de $1.100 dólares canadenses, agora está em $1.500”, confirma a agente de viagens Deise Maciel da Silva.

Este, porém, não é o custo total da viagem para a maioria, que ainda precisa pegar uma conexão doméstica no Brasil, e neste caso a situação é ainda pior. “Tem destinos dentro do Brasil mais caros do que um voo internacional”, afirma Maria. Segundo ela, não há uma explicação clara para estes grandes aumentos, mas o certo é que todas as empresas os aplicaram, deixando os passageiros sem muitas opções. Além disso, os voos continuam lotados, dizem as agentes. “Este é um dos motivos pelo qual não espero que os preços baixem”, diz Maria.

Na agência de Maria Braga, o voo direto entre Toronto e São Paulo da Air Canada continua sendo o preferido, mesmo sendo o mais caro e tendo reduzido a franquia da bagagem. “O cliente prefere pagar mais caro, mas não ter conexões. Se a diferença for pequena, ele opta pela Air Canada”, afirma ela. Já na agência da Deise Maciel, a escolha pela Air Canada caiu de 90% para 20%. “A Air Canada tem uma diferença de preço muito grande para as outras, ficou muito mais cara. Viajar por ela virou um luxo”, afirma.

Conforme Deise, a grande procura atualmente entre os que possuem passaporte canadense são os voos com conexão nos Estados Unidos. Desta maneira, ainda se conseguem voos a $1.100 dólares, enquanto que pela Air Canada sairia por volta de $1.580 dólares. Neste caso, as companhias mais procuradas são a Latam (que voa entre o Brasil e Estados Unidos), a United e a Delta, com a conexão sendo feita em Atlanta, Nova York ou Miami. “É bom reservar três horas para a conexão”, alerta Deise. Na observação de Maria, é a escolha de clientes que viajam sozinhos.

Já as companhias aéreas que oferecem conexão no Panamá, México e Bogotá têm preços intermediários entre o voo direto e aqueles via Estados Unidos. “São aviões menores, é preciso reservar com antecedência para conseguir espaço”, diz Deise, lembrando que são uma opção para quem não tem passaporte canadense para não pagar os altos preços da Air Canada. “Os preços da Copa (do Panamá) estão bem próximos dos da Air Canada”, afirma Maria. Ela acrescenta que os clientes via Bogotá reclamam muito do serviço de bordo, e com isso a procura vem caindo. “Só mesmo em último caso”, afirma.

O mesmo se aplica à mais nova companhia a entrar na rota entre Canadá e Brasil: a Arajet, da República Dominicana, que anunciou preços bastante baixos. “Eram preços inaugurais e nem água dão. É bem complicado, tem que carregar seu lanche, pois não servem nada”, diz Deise.

A necessidade de visto para canadenses viajarem para o Brasil a partir de 10 de abril não deve ter grande influência na procura, segundo Maria. “Creio que não deve ser problema para os canadenses, mas para os brasileiros com dupla nacionalidade, que terão que andar com os dois passaportes em dia”, diz Maria. Já Deise prevê que o visto dificulte o turismo, mas em relação aos brasileiros entende que é possível voar com passaporte brasileiro vencido e identidade, acompanhados do passaporte canadense válido. “É um direito constitucional”, afirma, embora admita que o passageiro possa encontrar um agente de aeroporto que não saiba da regra e que lhe dê trabalho.

Entre as poucas alternativas para economizar, a citada como mais importante por ambas é comprar a passagem com meses de antecedência e ser flexível com as datas. Em segundo lugar, fugir das altas temporadas. “Alta temporada é quando são férias escolares no Canadá: March Break, junho, julho, agosto e dezembro “, diz Deise, observando que dezembro encarece não por causa do Natal, mas pelas férias escolares. “O que acontece é que neste ano nem mesmo na baixa temporada estão surgindo preços mais baixos, continuam supercaros em relação aos anos anteriores. Podem estar melhores do que na alta temporada, mas continuam mais altos do que nos anos anteriores”, afirma Maria. Além disso, ela lembra que em finais de semana há tendência de as passagens serem mais caras, por serem os dias da semana mais procurados.

Com o encarecimento, há clientes que têm preferido viajar apenas com a mala de bordo, sem despachar bagagem. “A média de redução é de $100 dólares no preço da passagem, mas pode chegar a até $200 dólares”, diz Deise. “Tenho clientes que já começaram a viajar somente com o carry on, para reduzir os gastos”, confirma Maria.

Como o grande segredo para economizar, porém, as duas defendem que se procure um agente de viagens. “Conheço o sistema de ponta-cabeça, trabalho nele 40 horas por semana. O Google não tem a expertise de quem é agente de viagens há 20 anos, fazemos combinações que ele não consegue”, afirma Deise. Já Maria diz que há “uma lista enorme de benefícios” em procurar um agente de viagens. Entre os mais importantes, cita que “comprando na agência, você sabe onde nos encontrar, temos nossa licença do Travel Industry Council of Ontario (TICO), e se precisar de assistência antes ou depois da viagem, nós estamos aqui para o atender, temos um agente ao seu dispor”.

Sobre José Francisco Schuster (80 artigos)
Com quase 40 anos de experiência como jornalista, Schuster atuou em grandes jornais, revistas, emissoras de rádio e TV no Brasil. Ao longo dos últimos 10 anos, tem produzido programas de rádio para a comunidade brasileira no Canadá, como o "Fala, Brasil" e o "Noites da CHIN - Brasil". Schuster agora comanda o programa "Fala Toronto", nos estúdios do Jornal de Toronto.

1 comentário em Custo de passagens aéreas entre Brasil e Canadá aumenta mais de um terço

  1. Eu já conversei com um Diretor da Azul Airlines e perguntei se não haveria a possibilidade de reabrirem o voo Recife-Toronto-Recife, como na década de 70/80. Ele disse que havendo demanda, não haveria problema. A Azul voa de Orlando e Fort Lauderdale para o Recife, 3 vezes por semana cada. É uma boa opção para os pernambucanos. E os demais? A Air Canada precisa de concorrência. Sempre que possível, evito a companhia canadense.

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