Resultados da participação na feira “SIAL Canada 2019” entusiasmam Brasil

Um sucesso estrondoso.

José Francisco Schuster é colunista do Jornal de Toronto

“Um sucesso estrondoso, muito mais do que nós imaginávamos, em termos de impacto para os negócios”, afirmou eufórico o chefe do Setor de Promoção Comercial (Secom) do Consulado do Brasil em Toronto, ministro Ademar Seabra da Cruz Júnior, ao analisar a participação do Brasil na SIAL Canada 2019, a maior feira de alimentos e bebidas do mundo, realizada de 30 de abril a 2 de maio no Enercare Centre do Exhibition Place, em Toronto. A novidade do ano foram os estandes próprios da Associação Brasileira de Produtores de Arroz (Abiarroz) e da Carioca’s Import Canada, pioneira e referência na importação de produtos alimentícios brasileiros para o Canadá; além do pavilhão institucional, com 18 expositores em 96 metros quadrados, incluindo uma cozinha ao centro, onde a chef Lilian Cardoso preparava um menu com produtos do pavilhão.

Para o chefe do Secom, “o pavilhão brasileiro é, de longe, o mais popular e o que tem gerado mais entusiasmo, mais visitas e mais movimentação, com grande quantidade de gente degustando diversos produtos”. Com 25 mil metros quadrados de área, a SIAL Canada esperava receber mais de 18.500 visitantes profissionais para seus mais de mil exibidores de 60 países. Pelas dimensões e altura, o pavilhão brasileiro era um dos de maior porte na feira, chamando a atenção junto com Itália (o país homenageado do ano), Espanha, Turquia, Coreia do Sul, Equador e Peru, não ficando minimizado quando comparado ao anfitrião Canadá e seu poderoso vizinho Estados Unidos, e superando com folga os pavilhões de países do Brics, como China e Índia.

Cruz Júnior estava otimista quanto aos resultados esperados pelo Brasil na SIAL. “Não só a feira será muito bem-sucedida, mas, nos meses subsequentes, várias dessas empresas vão fechar negócios”, afirmou. Para ele, é preciso paciência, pois se por um lado é fácil vender para o Canadá pela transparência, clareza das regras e de procedimentos, por outro é difícil porque a concorrência é grande. Mesmo assim, ele espera que em poucos meses haja um aumento expressivo de importação de produtos brasileiros para o Canadá, trilhando o caminho de açaí, castanha do Pará e pão de queijo, “que já ganharam o mercado canadense”. Além dos expositores, uma comitiva de oito empresas de alimentos do Mato Grosso veio à SIAL para prospecção de mercado, em uma missão organizada em conjunto pelo SEBRAE-MT e Câmara de Comércio Brasil-Canadá, de São Paulo (CCBC).

A feira possibilitou inclusive um contato da cônsul-geral do Brasil em Toronto, embaixadora Ana Amélia Benincá Beltrame, e do chefe do Secom com o Ministério da Agricultura do Canadá, onde os representantes brasileiros expressaram o desejo de expandir a presença dos produtos alimentícios brasileiros no Canadá.

O clima também era de otimismo no estande da Abiarroz, que estava representada por três empresas associadas de São Paulo: Guacira, Camil e São João. “Já temos alguns anos de exportação para o Canadá, sob marcas próprias e locais, e estamos em estágio de amadurecimento”, afirmou o coordenador do projeto Brazilian Rice da Abiarroz, Gustavo Ludwig. Segundo ele, o diferencial do arroz brasileiro, tanto parboilizado como branco, é ser soltinho após o cozimento, ao contrário do produto asiático e norte-americano. “É soltinho como o brasileiro e os latino-americanos gostam e como os próprios norte-americanos estão se habituando a apreciar”, afirmou. A Abiarroz mantém um projeto de promoção de exportação de arroz com a Apex-Brasil desde 2012. “A exportação é uma forma de escoar o excedente de produção e regular os preços no mercado”, analisou.

Já a inédita presença da Carioca’s Import Canada, com estande próprio, como a Abiarroz, deveu-se ao desejo de levar os produtos brasileiros não só para os imigrantes, mas também para o consumidor canadense. “Nascido no Brasil, o fundador, Gilmar de Souza, tem uma paixão pelo seu país e em trazer seus produtos para o Canadá”, disse o vice-presidente, Eric Brunetta. Estabelecido há 11 anos, o importador trabalha hoje com 60 produtos brasileiros, que conseguiram ser aceitos até por grandes cadeias de supermercados canadenses, além de mercados independentes. Em sua estreia na SIAL, a Carioca’s apostou especialmente no café. “O consumidor canadense não sabe que o Brasil é um grande produtor de café, pensam que vem da Colômbia. Estamos educando-os para tudo o que o Brasil tem a oferecer”, disse Brunetta.

Com este objetivo, veio para o estande da Carioca’s na SIAL Thiago Rocha, gerente de exportações da Três Corações, maior empresa brasileira do setor de café. “Além do tradicional extra-forte, vemos que tem oportunidade para nossa linha de cafés especiais, conseguindo atender tanto o público de café mainstream como o de specialty coffee”, disse ele. Rocha observou que o Brasil é o maior produtor de grão de café do mundo, mas poucas marcas exportam o produto acabado. “Estamos trabalhando com cafés especiais, de diferentes microrregiões do Brasil”, afirmou. Um orgulho da companhia é o projeto Florada, com treinamento e capacitação de mulheres não só para plantar e colher o café, mas também para administrar o negócio. A empresa promove um concurso e os vencedores recebem uma embalagem personalizada com o nome da fazenda de origem do café. “É uma iniciativa de inclusão da mulher no negócio do café que adquirimos por um preço justo e que comercializamos com o nome das ganhadoras”, concluiu.