Projeto de lei pretende legalizar a maconha para fins recreacionais
Erika Sendra Tavares é cientista no SickKids Toronto
A maconha oferece alívio de dor para várias doenças crônicas e tem sido usada legalmente para essa finalidade, aqui no Canadá, desde 2011. Agora o governo federal está propondo uma lei para a liberação para fins recreacionais.
O uso recreacional da maconha faz mal para a saúde? Sim. A maconha interfere no processo de memória a curto prazo, na habilidade de foco e na coordenação motora, colocando o usuário em situação vulnerável e podendo acarretar acidentes. O uso contínuo da droga pode causar problemas cognitivos e aumentar a incidência de distúrbios mentais. Para algumas pessoas, pode causar dependência. E fumar, como se sabe, é algo muito nocivo para o pulmão, aumentando a chance de asma, bronquite e câncer. Diante de tantos aspectos negativos, por que o Canada está considerando a legalização?
O benefício para a saúde não é, sem dúvida, o motivo para a comercialização legal de drogas, pois muitas delas, como o tabaco e o álcool, liberados para o consumo, não são saudáveis e causam dependência. Há, por outro lado, várias drogas ilícitas, altamente nocivas, como a cocaína, a heroína e o crack, cuja legalização está longe de ser considerada. Ainda assim, por que a maconha está sendo promovida para o outro lado da cerca? Simples. Porque muitas pessoas usam.
O projeto de lei é baseado na proteção da saúde e segurança pública. Com a legalização, a procedência e qualidade da maconha consumida serão melhor controladas. A produção lícita enfraquecerá o mercado ilícito e diminuirá o contato do cidadão comum com o crime organizado. Outra vantagem será acabar com processos criminais para consumo e posse de maconha, que acarretam em altos custos para o governo e um desserviço para a sociedade, por causarem impacto negativo na trajetória profissional dos indivíduos fichados. E, talvez o mais importante de tudo, o ganho de bilhões de dólares em taxas anuais para o governo.
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