Eu sem você não tenho porquê
Rosana Entler
Dia 25 de setembro de 2021 ficará marcado no meu diário como o dia do meu debut social pós-pandemia. E não poderia ter sido mais reenergizante e poético.
A sede do Jornal de Toronto se transformou naquele cantinho especial da casa de Tom Jobim. A luz e acústica perfeitas criaram o ambiente ideal para que o violão e vozes de Samyle Carvalho e Gustavo Amorim dessem início a duas horas de pura magia. Nós, que mais do que plateia éramos um grupo de pessoas com muita saudade umas das outras, viajamos pelas obras geniais da Bossa Nova.
É difícil expressar em palavras o poder da arte e, em especial, da música para nós imigrantes. Ali, ao som de Berimbau, Samba em Prelúdio, A Banda, Tarde em Itapuã, entre outros clássicos da música brasileira, a nossa identidade cultural se traduzia em suspiros de saudade e autoreconhecimento, e os aplausos ao final de cada interpretação no orgulho de quem somos e de onde viemos.
Nesses últimos 18 meses tivemos que reaprender a existir, e com toda certeza a música foi um dos instrumentos mais utilizados na manutenção de nossa sanidade mental. Ao ter o imenso prazer de ouvir Samyle e Gustavo no final de uma tarde de início de outono em Toronto, tive a sensação de que composições criadas há décadas passaram a agregar significados atuais. “Eu sem você não tenho porquê” traduz todo o meu sentimento durante meses de isolamento social. E vamos falar sério, Águas de Março é a promessa de vida em nossos corações.
Ficou o gostinho de quero mais. Espero que este tenha sido o primeiro de muitos encontros tão importantes e vitais para nossa comunidade, arte e identidade cultural.
Obrigada Gustavo, Samyle e Jornal de Toronto.
E para quem quiser saber mais sobre a história da Bossa Nova, ouça a entrevista que fizemos com o Gustavo Amorim no programa “Conversa Fora”:
Deixe uma resposta