O comércio virtual atrai novos consumidores na quarentena
Ana Paula Buttelli é jornalista
A pandemia impulsionou as vendas online e a oferta de produtos teve um crescimento impressionante. As medidas de isolamento social transformaram o comportamento do consumidor e o setor alimentício foi o que mais cresceu nas plataformas digitais. Com restaurantes abertos apenas pra encomendar comida, as pessoas começaram a cozinhar muito mais em casa. Sem precisar enfrentar filas, a comodidade e a praticidade de receber alimentos e ingredientes na porta de casa veio a calhar. Até quem não tinha o hábito de fazer compras online percebeu a facilidade que é e, provavelmente, vai continuar com esta alternativa a longo prazo.
De acordo com um estudo publicado pela Accenture, que realizou uma pesquisa com mais de 3 mil consumidores em 15 países de 5 continentes, incluindo o Brasil e o Canadá, um em cada cinco entrevistados afirmou que as suas compras mais recentes foram feitas online e pela primeira vez. A tendência global é que continue assim, porque muita gente rompeu a barreira do mundo virtual. Outro fator que impacta nesta transformação é a experiência positiva que o cliente tem. A fase de confinamento, segundo Oliver Wright, diretor na área de produtos de consumo e serviços da Accenture, sinalizou “um alerta para as empresas garantirem que têm agilidade e a capacidade de serem relevantes para os seus consumidores e clientes através de um portfólio de produtos e serviços que correspondam à mudança dos padrões de compra — não apenas hoje, mas também pós-pandemia”. As empresas que apostam em mercadorias diferenciadas e cumprem com o prazo de entrega se destacam. A pesquisa também salienta que as compras online já representam quase um terço de todas as efetuadas pelos entrevistados, e que possivelmente passarão de 37% após o surto do Covid-19.
Os dados revelam que a pandemia acelerou três áreas: saúde, no quesito referente à alimentação; sustentabilidade, tanto financeira quanto ambiental; e apoio às comunidades locais. O estudo enfatiza que mais da metade dos entrevistados estão preocupados com o desperdício dos alimentos, estão fazendo escolhas mais sustentáveis e querem seguir uma alimentação mais saudável daqui em diante. Oliver ressalta que “o novo comportamento e consumo do consumidor deverá durar mais do que a pandemia, estendendo-se muito além de 18 meses e possivelmente durante grande parte da década atual”. O que realmente impressiona é o ritmo acelerado com que aconteceu essa mudança, tanto em relação ao varejo, que se moldou ao modelo digital, quanto ao consumidor, que se adaptou de imediato ao acesso online de mercadorias.

Os empresários brasileiros que apostaram nas plataformas digitais para vender produtos vindos do Brasil ou produzidos no Canadá estão satisfeitos com o investimento neste momento. Bruno Santiago, diretor da loja online Quitanda, acredita que o consumo através da internet é um processo sem volta. Lançada em plena quarentena, em abril de 2020, a Quitanda já conquistou sua clientela e os números comprovam isso. A projeção inicial de Bruno era de 10 a 15% de aumento ao mês. Surpreendentemente, em apenas 2 meses de operação o crescimento das vendas foi de 37%, confirmando os dados da Accenture. “O serviço de excelência na entrega e o cuidado com cada detalhe garantem a satisfação do cliente e da minha família”, declara Bruno. O empório virtual também se encaixa no resultado da pesquisa em relação aos produtores locais. Em parceria com 20 fornecedores de doces e salgados brasileiros, ele enfatiza que “o mercado online beneficia o produtor em pequena escala e nós apoiamos este segmento”. Bruno finaliza dizendo que “o meu comportamento como consumidor também mudou. Minhas compras online são mais eficientes porque ganho tempo e compro apenas o que preciso”.
As fases do isolamento físico foram nítidas para Juliana de Paula, proprietária do Brazilian Market, que percebeu através dos pedidos a mudança de comportamento dos clientes. “No início da pandemia as pessoas compravam 10 quilos de feijão e arroz para estocar, mas no meio da quarentena vendemos mais biscoitos e salgadinhos”. Os pedidos em grande quantidade exigiram a contratação de funcionários para entrega e novas parcerias com produtores locais. Com quase 3 anos no mercado online, Juliana fala que, pela primeira vez, foi difícil manter o estoque para suprir Toronto e a região ao redor. “A demanda aumentou quatro vezes e assustou no começo”, segundo ela. Agora Juliana comemora o acréscimo das encomendas e reconhece a importância do trabalho em equipe. Atender bem o consumidor exige esforço e dedicação. A recente ampliação na área de entrega do Brazilian Market através de parceiras agradou os compradores e os pedidos do interior incrementaram ainda mais as vendas.
Dentre a variedade de produtos nas lojas online, é possível ter o gostinho do Brasil em vários cantos do Canadá num clique. Preparar um escondidinho de mandioca com carne seca, fazer um happy hour com nozes e castanhas, saborear um açaí e comer pão de queijo a qualquer hora estão entre as inúmeras opções. Confira os sites do Brazilian Market (GTA), Quitanda (GTA), Penguin Fresh (GTA), DuBrazil (Ottawa) e Terra Brazilis (Winnipeg) pra ver tudo o que têm disponível. Faça a lista do que precisa e disfrute da tranquilidade de receber produtos de qualidade na porta de casa. Além de poupar a ida ao supermercado, planejar o cardápio da semana evita o desperdício de alimentos e economiza tempo.

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