Filme da semana!

A indicação desta semana surge como um norte para futuras produções.

Leandro Calado é jornalista pela Universidade Federal de Sergipe

Imagina ser um adolescente gay e crescer numa atmosfera onde praticamente tudo destinado à sua faixa etária é protagonizado por personagens heterossexuais; uma comunidade onde o conteúdo LGBTQ+ é tratado como temática adulta e os seus dilemas da juventude não são representados nas mídias mainstream e nos subprodutos da cultura pop.

Recentemente, obras como Moonlight (2016), Call Me By Your Name (2017) e Blue is The Warmest Color (2013) conquistaram a crítica especializada, dominaram festivais ao redor do mundo e foram lembrados em premiações voltadas para a excelência cinematográfica, mas a grande audiência leiga na imersão técnica da sétima arte ainda desconhece personagens LGBTQ+ como protagonistas de blockbusters. Por esta razão, a indicação desta semana surge como um norte para futuras produções. Após anos de personagens ocupando a posição de coadjuvante e se situando entre o alívio cômico e o drama do mais alto grau, Love, Simon traz um protagonista gay numa comédia romântica feita para toda a família, e o resultado é excelente.

Baseado no livro Simon vs The Homo Sapiens Agenda, de Becky Albertalli, o filme acompanha Simon Spier (Nick Robinson), um adolescente que vive uma rotina normal; porém, ele esconde dos amigos e da sua família a sua homossexualidade. Após descobrir que existe outro garoto – com o apelido anônimo Blue – na sua escola que também está no armário, Simon decide entrar em contato para que possam compartilhar suas experiências. A troca de mensagens tranquiliza o protagonista, mas tudo isto muda quando outro estudante tem acesso aos e-mails de Simon e ameaça revelar seu segredo para os demais estudantes.

O diretor Greg Berlanti sabe construir o cenário adolescente com maestria. Conhecido por seu trabalho na televisão no seriado Dawson’s Creek (1998), Greg apresenta em Love, Simon recortes honestos da juventude e de um ambiente familiar bem estruturado. O longa-metragem toca em situações como o primeiro amor, último ano no colégio, acesso ao álcool e toda confusão interna que atinge o universo adolescente. Os assuntos mais sérios, geralmente relacionados à sexualidade de Simon, são tratados com muita responsabilidade. O filme sabe equilibrar bem o drama e a comédia do seu enredo. A produção bebe um pouco da fonte deixada por John Hughes.

Love, Simon é apaixonante e vai agradar os amantes das comédias românticas. Com um enredo leve e personagens cativantes, o filme aquece o coração e diverte em suas quase duas horas de duração. Acima de tudo, abre as portas para que mais cineastas escrevam histórias inserindo personagens LGBTQ+ e suas representações em situações do cotidiano. O longa está em cartaz nos cinemas de Toronto a partir de 16 de março.

 

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