Filme da semana
Leandro Calado é jornalista pela Universidade Federal de Sergipe
A parceria entre a atriz vencedora de Oscar, Jennifer Lawrence, e o diretor Francis Lawrence começou em 2013 quando o austríaco a dirigiu na segunda parte da versão cinematográfica da franquia de livros escritos por Suzanne Collins, The Hunger Games. Em 2018, trocando o público juvenil por uma audiência adulta, Francis e Jennifer se reúnem novamente para a adaptação do romance de espionagem do ex-agente da CIA Jason Matthews, com Red Sparrow.
Dominika Egorova (Jennifer Lawrence) é uma bailarina do Bolshoi que, ao ver sua carreira encerrada por um imprevisto, aceita o convite do seu tio Vanya (Matthias Schoenaerts) para ingressar uma academia de Sparrows – espiões treinados a usar a sedução como uma de suas principais armas. Dominika têm como missão se aproximar do agente da CIA, Nate Nash (Joel Edgerton), com a finalidade de descobrir qual agente traiu o país e fornece informações confidenciais do governo russo para o serviço secreto dos Estados Unidos.
O longa-metragem tem um ótimo ato de abertura. Todo o segmento envolvendo a história de Dominika como bailarina até o momento do seu recrutamento empolga e desperta interesse. A produção entra em declínio assim que o treinamento na academia de Sparrows começa. É extremamente constrangedora – e misógina – a forma que abordam as técnicas de sedução. Existe uma lição sobre controle e poder, mas a execução é apelativa e coloca Jennifer Lawrence na performance mais humilhante de sua carreira. Após o treinamento, o filme se prolonga por lentas horas até chegar na sua conclusão igualmente entediante.
Francis Lawrence tem uma ótima reputação na indústria musical, por ter dirigido clipes de artistas renomados, como Britney Spears, Lady Gaga, Aerosmith e Shakira, e é possível enxergar a atmosfera de clipe musical na trama. De forma similar ao seu trabalho de 2011, o longa-metragem Water for Elephants, a fotografia, os closes e cortes rápidos casam primorosamente com a trilha sonora – em Red Sparrow, assinada por James Newton Howard. Certamente este é o aspecto mais positivo do filme.
Red Sparrow repete a mesma fórmula dos inúmeros thrillers de espionagem: motivação pessoal, motivação institucional, mocinho, vilão e reviravolta; mas decepciona na construção da identidade da protagonista e no desenvolvimento lento, acompanhado de uma conclusão clichê.
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