Os 5 maiores riscos para o Brasil em 2023

Mais uma vez, apresentamos nosso Top 5 de Riscos Políticos para o Brasil

Imagem: Mapbox_NASA_IBGE.

André Oliveira Rodolfo Marques são colunistas do Jornal de Toronto

Assim como aconteceu no ano passado, apresentamos nosso Top 5 de Riscos Políticos para o Brasil, uma contribuição da “empresa” Silva & Silva ou Marques & Oliveira, como queiram, em associação com o Jornal de Toronto. São predições deliberadamente sombrias que, dependendo do curso adotado pelo novo governo, podem, sim, vir a se concretizarem, mas esperamos que não aconteçam, é claro. É um novo governo, com riscos diferentes em relação ao que se encerra no final de 2022.

Dito isto, vamos aos nossos Riscos Top 5:

1. Dificuldades extremas para o novo governo gerenciar a coalizão          

O chamado “presidencialismo de coalizão” depende, segundo parte da literatura em ciência política, da habilidade e competência do presidente no manejo das negociações permanentes com os aliados, seja na distribuição de cargos, seja na condução da votação da agenda do governo no Congresso Nacional. Nesse sentido, a presidente Dilma Roussef teria sido, em seu segundo mandato, uma má gerente da coalizão, ao passo que o presidente Michel Temer teria sido bem-sucedido, pois, embora estivesse sob alta pressão com baixos índices de popularidade e debaixo de severas denúncias de corrupção, conseguiu manter a coalizão coesa, inclusive aprovando reformas, como a trabalhista. Lula é conhecido como hábil negociador, mas, premido pela escassez de recursos e sob pressão interna do PT e da esquerda que o apoia, faria poucas concessões aos aliados do Centrão, tensionando a coalizão e colocando-a sob risco de desintegração.

2. Retorno do confronto entre MST e agronegócio

O Movimento dos Sem Terra (MST) voltaria a ocupar fazendas e a destruir plantações estabelecidas sob a forma mecanizada e em larga escala. Fazendeiros podem reagir com violência tensionando o ambiente no campo. Uma eventual atitude dúbia ou vacilante de Lula certamente agravaria o conflito, forjando a percepção pública de que se trata de um presidente fraco. Um conflito extremado no campo levaria o governo a uma mediação difícil entre o MST e os empresários do agronegócio.

3. A adoção de uma política externa terceiro-mundista

O governo pode adotar uma clara política externa do tipo terceiro-mundista, em oposição à globalização econômica e à chamada democracia liberal, com ênfase no apoio aos regimes que se contrapõem aos Estados Unidos e aliados. Nesse passo, haveria apoio explícito aos regimes de Cuba, Nicarágua, Venezuela, China e Rússia, de modo a afetar as boas relações do Brasil com os americanos e europeus ocidentais. Tal guinada serviria ainda para retroalimentar o discurso bolsonarista de que Lula e o PT são neocomunistas.

 4. Agravamento da crise econômica e fiscal

Este é, certamente, o maior risco a ser enfrentado em 2023. Os gastos excessivos do novo governo fomentariam o retorno da inflação alta e afugentaria investimentos internos e externos. Pressionado, Lula hesitaria em adotar medidas fiscais austeras, insistindo no discurso de que o Estado pode servir como agente indutor do desenvolvimento econômico. Nesse cenário, Lula perderia o apoio dos liberais que sustentaram sua candidatura em 2022 e veria sua popularidade derreter rapidamente. No Congresso, o Centrão aumentaria as exigências em negociações – nem todas de nítido perfil republicano, é claro – tentando se descolar de um governo crescentemente impopular. O desastre econômico contaminaria a agenda política.

5. Choque nas ruas entre grupos rivais

O escalonamento da crise econômica pode levar a conflitos nas ruas entre grupos pró e contra o governo. Bolsonaristas confrontariam petistas vindos das bases sociais, elevando a percepção de instabilidade política. Uma situação de “guerra permanente” capaz de magnificar o stress político-institucional com evidentes perdas para o governo e o país.

*

Em síntese, os riscos diminuem se Lula fizer um governo mais ao centro e, inversamente, aumentam se radicalizar de alguma maneira relevante a condução do governo.

Por fim, desejamos um ótimo 2023 a todo o pessoal do Jornal de Toronto e aos irmãos do Canadá!

Sobre André Oliveira & Rodolfo Marques (34 artigos)
André Oliveira (à esquerda) é advogado com especialização em Direito Público, doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco e membro da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP) desde 2009. Rodolfo Marques é analista judiciário, publicitário e jornalista; Mestre (UFPA) e Doutor (UFRGS) em Ciência Política, e professor de Comunicação Social na Universidade da Amazônia e na Faculdade de Estudos Avançados do Pará.

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