A consciência do voto e as eleições presidenciais brasileiras
Rodolfo Marques é doutor em Ciência Política pela UFRGS e professor-adjunto da Universidade da Amazônia
& André Oliveira é doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco
Em 7 de outubro de 2018, cerca de 147 milhões de brasileiros estarão aptos para ir às urnas e eleger o próximo Presidente da República Federativa do Brasil. São 13 candidatos disputando a preferência do eleitor brasileiro – alguns dos pleiteantes ao cargo envolvidos em casos polêmicos. Além de imprevisíveis, as eleições presidenciais brasileiras guardam complexidade sobre qual futuro o brasileiro espera e como elementos como a propaganda eleitoral, os discursos políticos, os debates públicos e as denúncias de corrupção podem influenciar na escolha de um candidato ou na rejeição de outro.
A informação é um dos fatores mais importantes que levam o eleitor a fazer suas escolhas eleitorais. Cidadania, na ampla acepção, constrói-se através da informação e, no contexto da decisão do voto, tal reflexão se torna ainda mais verdadeira. O eleitor pode pensar em suas demandas pessoais ou voltar o olhar para a coletividade.
Um voto consciente e responsável contribui para a ideia da Qualidade da Democracia. Tal conceito se manifesta no melhor funcionamento das instituições e na confiança das pessoas nelas. O voto seria, assim, uma ferramenta de accountability vertical. Com maior ou menor grau de consciência, os eleitores buscam, pois, escolher governantes melhores, que mantenham padrões como a impessoalidade e o combate permanente à corrupção.
Nessa discussão, podem ser acrescentadas algumas questões referentes à Cultura Política, e de que maneira esse processo pode se consolidar em determinada sociedade. A formação de uma cultura política está diretamente ligada ao desenvolvimento humano, podendo se manifestar no comportamento eleitoral e na construção de valores adequados à democracia representativa – que é o modelo que vigora de forma consolidada no Brasil há quase três décadas, a despeito de algumas interrupções.
Outra reflexão a ser feita é entender até que ponto o desencanto com a classe política brasileira – em virtude, principalmente, de episódios recentes – pode se manifestar através de um voto de protesto ou mesmo de abstenção às urnas. No pleito de 2014, em que Dilma Rousseff se tornou vencedora – posteriormente sofrendo o processo de impeachment em 2016 –, cerca de 27,7 milhões dos 142,8 milhões de eleitores brasileiros (ou 19,4%) estiveram ausentes às seções de votação, índice superior aos três pleitos anteriores, de acordo com os dados do Tribunal Superior Eleitoral.
O que as urnas eleitorais brasileiras vão revelar em 7 e 28 de outubro, com a realização dos dois turnos eleitorais para a Presidência da República? Quais variáveis emergirão na escolha do eleitor? Até que ponto o voto é ideológico, representa uma reclamação ou é decidido por aspectos mais pragmáticos?
Destarte, mesmo com um quê de imprevisibilidade, as eleições presidenciais de 2018 demonstram que pode haver um voto mais consciente, com ou sem a carga de um viés ideológico, mas com um grau maior de responsabilidade em se escolher o Chefe do Executivo Federal pelo período de 2019 a 2022, além dos outros cargos que estarão em disputa no Brasil – governadores, senadores, deputados federais e deputados estaduais, nas 26 unidades federativas e no Distrito Federal.
Deixe uma resposta