Greve dos professores nos Colleges

Emma Sheppard é escritora e professora de inglês
Em novembro, foram cinco semanas de greve dos professores dos Colleges de Ontário. Por conta disso, a raiva e frustração de milhares de estudantes por toda a província, que foram impedidos de estudar, só aumentaram. E com razão. No entanto, toda vez que vejo um post de reclamação de um estudante, fico um pouco incomodada. Porque eu espero que eles saibam o motivo pelo qual temos lutado, e espero que os argumentos não se percam.
Minha raiva e frustração têm sido crescentes também. Eu também fui impedida de dar minhas aulas. Eu sei bem pelo quê os professores têm lutado e minha frustração vem do fato de não termos sido, até agora, ouvidos. Tenho trabalhado sob contrato em Colleges de Toronto nos últimos 4 anos, pulando entre diferentes instituições, e muitas vezes tendo de fazer malabarismos com vários contratos, como muitos fazem.
Enquanto escrevo isso, quero deixar claro que, tecnicamente, não estive em greve. Fiquei ociosa enquanto os meus colegas e amigos bloqueavam as linhas de piquete todos os dias, sentindo uma ponta de culpa toda vez que via suas postagens na mídia social. Por que não estive em greve? Porque o meu tipo de contrato (part time) não é, na verdade, coberto pelo sindicato.
Por qual razão eu apoiei a greve tanto quanto eu adoraria ter estado de volta à sala de aula? Por quê? Porque com meus 10 anos de experiência docente e meu mestrado em ensino, eu ainda estou no grupo de professores para quem a experiência não significa nada para a estabilidade do emprego – ou seja, no grupo dos que são forçados a se candidatar, emprego após emprego, a cada poucos meses; que não sabem de onde vem o próximo contrato; que têm de ficar mudando de escola em escola. O sindicato tem lutado justamente contra os contratos de quatro meses. Muitas vezes, na ESL, meus contratos são de apenas oito semanas, e muitas vezes não sei se vou ou não receber um novo contrato até um dia antes do início das aulas!
E então, o que isso significa para os estudantes? Isso significa que os seus professores, por mais comprometidos e dedicados que sejam, muitas vezes estão “se equilibrando” em vários empregos, o que significa que eles não têm tempo suficiente para planejar, corrigir seus textos, e se reunir com você. Isso significa que para muitos de seus professores, todo esse trabalho não é pago. E isso significa que, por não possuírem cargos permanentes, não estão envolvidos no planejamento do currículo ou no desenvolvimento dos cursos. E isso afeta a qualidade da educação que você está recebendo, não porque eles não querem dar o melhor, mas porque o melhor deles é limitado pelo sistema.
A greve acabou e todos voltaram às aulas, ensinando e aprendendo. Mas ainda espero que os professores à frente das salas de aula consigam conquistar mais estabilidade no trabalho, mais capacidade de crescer em suas carreiras e que tenham mais liberdade acadêmica para transmitir seus conhecimentos aos seus alunos. Os alunos merecem isso. E nós também.
Muito bom os seus textos. Em setembro do ano passado, já havia lido um deles, em edição impressa. Agora, estou lendo todos, começando pelo primeiro. A cada um que leio, me divirto e aprendo com você. Parabéns!
Em tempo: Muito bons, os seus textos… 🙂