Os 5 maiores riscos para o Brasil em 2022

Pela primeira vez, apresentamos nosso Top 5 de Riscos Políticos para o Brasil

Imagem: Mapbox_NASA_IBGE.

André Oliveira Rodolfo Marques são colunistas do Jornal de Toronto

Pela primeira vez, apresentamos nosso Top 5 de Riscos Políticos para o Brasil. 2022 será ano de eleição, que se realizará ainda sob o impacto da recuperação da pandemia da Covid-19. Nada, nem de longe, remotamente comparável aos relatórios da Eurasia Group, a maior empresa de avaliação de risco político do planeta, pertencente ao cientista político norte-americano Ian Bremmer.

Admitimos, desde já, que as probabilidades de que os riscos apontados não se concretizem – seja por má dosagem de realismo empregado na avaliação, seja em razão do advento do fenômeno chamado de “Cisne Negro” – são bastante razoáveis. Cisne Negro consiste na ocorrência de evento ou fato totalmente imprevisível, contrariando todas as projeções realizadas com base em padrões estatísticos; sobre o tema, recomendamos o livro A Lógica do Cisne Negro, de Nassin Taleb.

Dito isto, vamos aos nossos Riscos Top 5:

1. Agravamento do desequilíbrio fiscal

No afã de se reeleger, o governo Bolsonaro fez apostas elevadas no turbinamento do Auxílio Brasil, programa de proteção social. Eventual incremento da contabilidade criativa em 2022 – a “maravilhosa mágica” de forjar números em desacordo com a realidade – agravaria ainda mais o desequilíbrio fiscal, um dos bons legados do Plano Real lançado em 1994.

2. Incremento dos conflitos na Amazônia

Na Amazônia profunda (das florestas densas e distantes dos centros urbanos), garimpeiros de um lado e, de outro, índios e ambientalistas podem elevar exponencialmente suas demandas junto ao governo federal dentro de algo assemelhado à Estratégia Cloward-Piven (Cloward-Piven Strategy), tornando pouco factível o seu atendimento, de modo a deflagrar, assim, uma crise aguda nessa área. A fragilidade do governo federal em matéria ambiental favorece o incremento desse tipo de barganha irreal.

3. Nova onda de Covid-19

O relaxamento das medidas de prevenção contra a Covid-19, bem como a entrada de estrangeiros no país sem os cuidados sanitários adequados, resultaria em uma nova onda viral, à semelhança do que sucedeu na Europa no segundo semestre de 2021.

 4. Fake news e os novos choques entre judiciário e grupos intransigentes

A intenção declarada do Judiciário de combater duramente a divulgação de fake news pode ensejar nova escalada de conflitos com os grupos radicais que, nesse caso, dobrariam a aposta contra a magistratura. O Judiciário seria acusado de instituição censora e autoritária, “Tribunal da Verdade” do tipo imaginado por George Orwell em 1984, notadamente o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Supremo Tribunal Federal (STF). Por sua vez, os tribunais responderiam com interdições dos supostos haters, candidatos ou não, ao mesmo tempo em que se declarariam guardiões da ordem democrática.

5. Colapso do centro político

Na campanha eleitoral, a chamada “Terceira Via” não decola, seja com Sérgio Moro (Podemos), seja com João Doria (PSDB) ou mesmo com Ciro Gomes (PDT). A polarização atingiria, então, níveis elevados de stress político no embate entre petistas e bolsonaristas, criando uma atmosfera bastante adversa e cinzenta para a governabilidade do candidato vencedor da eleição em 2023.

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Sempre esperando o melhor, embora preparados para o pior, desejamos que os piores cenários não se concretizem.

Feliz Natal e um ótimo 2022, são os votos do “Instituto Oliveira & Marques” aos irmãos do Canadá!

Sobre André Oliveira & Rodolfo Marques (37 artigos)
André Oliveira (à esquerda) é advogado com especialização em Direito Público, doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco e membro da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP) desde 2009. Rodolfo Marques é analista judiciário, publicitário e jornalista; Mestre (UFPA) e Doutor (UFRGS) em Ciência Política, e professor de Comunicação Social na Universidade da Amazônia e na Faculdade de Estudos Avançados do Pará.

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