Uma febre chamada Bitcoin
Alexandre Rocha é economista
O ano de 2008 marcou o nascimento do Bitcoin. Nestes 10 anos de existência, a moeda chegou a valer aproximadamente US$20 mil, em dezembro de 2017. Os ganhos surreais atraíram investidores de tudo quanto é tipo que, mesmo sem entenderem direito como funciona, viram na moeda a chance de enriquecimento fácil e rápido. Mas o que é este tal de Bitcoin e por que ele se tornou uma febre mundial?
O Bitcoin foi criado como uma moeda que não existe na forma de papel-moeda, como nós conhecemos. Ele é um arquivo de computador criptografado, ou seja, protegido por um código único. Vem daí o termo criptomoeda, por usar criptografia para garantir a autenticidade. Hoje, estima-se que haja mais de 1200 criptomoedas, sendo o Bitcoin a mais conhecida delas.
Há milhares de teorias sobre quem poderia estar por trás da verdadeira identidade do criador do Bitcoin. Um tal de Satoshi Nakamoto, que não se sabe ao certo se é uma pessoa ou uma empresa, apresentou o conceito de Blockchain no ano de 2007, em um grupo de discussões na Internet, o The Cryptography Mailing. Como quase tudo que vem deste exótico investimento e do mundo das criptomoedas é especulação, não é surpresa que, até hoje, ninguém saiba ao certo a sua verdadeira identidade.
O Blockchain
É na Internet que tudo acontece. Blockchain é uma rede que possui, em seu sistema, blocos interligados que carregam informações e uma impressão digital. No Bitcoin, essa informação é a transação financeira. Uma transação só é realizada quando os computadores na rede do Bitcoin validam juntos o código da transação. Confirmada e depois validada, ela é gravada no Blockchain. Este registro é mais conhecido como “mineirar” Bitcoin. Como estes computadores possuem acesso a uma cópia da operação, isso aumenta a segurança do sistema. É o chamado protocolo de confiança.
A valorização
Ao constituir a moeda, o software controlador estabeleceu que haverá 21 milhões de Bitcoins disponíveis em circulação. Com este limite, a ideia é que um dia não seja mais possível criar mais Bitcoins na rede e, a medida que o tempo passa, a moeda vai se valorizando. Mas o que vimos nos últimos anos pode ser atribuído a uma valorização causada muito mais pela ganância e irracionalidade do que pela lógica estrutural. Somente em 2017 a moeda teve valorização de 1500%. Ela divide opiniões: bolha especulativa ou confiança na tecnologia? Não há resposta. O fato é que, em uma bolha, o preço se descola da realidade e há um movimento que se retroalimenta, com investidores comprando mais, fazendo o preço subir rapidamente e atraindo mais investidores até que, subitamente, a bolha estoura e o preço desaba.
Regulação x Anonimato
As criptomoedas garantem o anonimato total para seus operadores e essa característica tem feito Governos atentarem para o fato de que, por trás das negociações das moedas virtuais, podem existir diversas atividades ilegais, como tráfico de drogas, contrabando e lavagem de dinheiro. A ideia inicial de Nakamoto, ao propor o protocolo Blockchain, era fugir das normas básicas da economia e apostar no ambiente em que o dinheiro e a confiança pudessem andar juntos. Ele não contava com a “criatividade” humana. Países como China e Alemanha querem regulamentar o uso das moedas digitais. Empresas como Google, Facebook e Twitter proibiram qualquer tipo de publicidade em suas plataformas.
Hoje, o Bitcoin encontra-se na faixa dos US$7 mil, uma desvalorização de 65% desde a sua máxima histórica. O que parece é que ele está mais para a Febre das Tulipas do século XVII do que para o novo sistema financeiro mundial. A história nos dirá.
Deixe uma resposta