Tropica e cai, levanta e sai
Simone Almeida é psicopedagoga
A autonomia pessoal é uma característica fundamental para o desenvolvimento da criança. É a autonomia que nos permite executar tarefas como amarrar os sapatos, pegar um copo de água, guardar os brinquedos, resolver conflitos entre os amigos, abrir uma bala, descascar uma banana, desenhar, alimentar-se, ou seja, tarefas simples que fazemos todos os dias. Algumas crianças são estimuladas a desenvolver as habilidades para executar sozinhas essas atividades, mas outras são poupadas das tarefas, por serem consideradas “muito pequenas” para tanta responsabilidade.
Ao se tornar autônoma em determinada atividade, a criança também conquista liberdade e responsabilidade. Como? Se a criança sabe que consegue ir ao banheiro sem auxílio, terá liberdade para fazê-lo no momento mais apropriado, e poderá aplicar o mesmo mecanismo em outras atividades de sua vida. Assim, a criança que é mais estimulada a executar as tarefas corriqueiras sem auxílio, será mais ágil e resolverá os problemas diários de maneira natural. Afinal, como podemos auxiliar as crianças a desenvolver a autonomia? E como a autonomia pode exercer um papel fundamental no desenvolvimento cognitivo das crianças?
O desenvolvimento cognitivo é o ato de aprender. Essa atividade é desenvolvida nas escolas, nas famílias, nas relações interpessoais diariamente por todos nós. O ser humano aprende todos os dias e durante toda a vida, mas é na fase inicial de sua vida que adquire as ferramentas necessárias para que suas habilidades e competências se potencializem. Para auxiliar e incentivar a autonomia nas crianças, o adulto deverá demonstrar a confiança que tem nela, deve ensinar como fazer as coisas e, após observá-la e orientá-la por algumas vezes em determinada tarefa, permitir que a criança realize essa tarefa sem ajuda e, aos poucos, sem supervisão. Ao permitir que o filho “se vire” sozinho, os pais estão permitindo seu crescimento, estão potencializando o referencial de conquista e estimulando a aprendizagem.
Ressalto ainda a preocupação com a liberdade de aprendizagem criativa e despretensiosa, pois quando permitirmos que a criança interaja livremente com ambientes e pessoas estamos permitindo que ela exercite sua habilidade autônoma e construa diferentes competências, tal como pular corda ou correr e, por que não, cair. Cair faz parte e ensina que podemos nos levantar.
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