Jardins suspensos de Toronto
Gustavo Barreto é arquiteto e urbanista
Desde que cheguei em Toronto, não pude deixar de notar a forte relação que a cidade e seus moradores têm com gramados e áreas verdes. Eles compõem a paisagem urbana de maneira onipresente, balanceando as cores em áreas às vezes acinzentadas, quase sempre te convidando a pisar, deitar e rolar. E de fato é uma delícia estar em parques e gramados público daqui. Trata-se de uma visão diferente da de muitos lugares no Brasil, onde é comum encontrar a plaquinha de “não pise na grama”.
É interessante notar que estes gramados muitas vezes apresentam pequenos morros de 2, 3 ou 4 metros de altura, compondo muito bem áreas externas de parques e jardins de edifícios e residências. Há quem pense que são naturais e que sempre estiveram lá, mas na verdade são artificiais, criados pela movimentação mecânica de terra. À primeira vista, são simplesmente uma excelente opção estética de paisagismo, elevando a textura e o verde para a altura dos olhos. Mas a real função é puro design.
Muitos destes morros são elementos que envolvem áreas de brinquedos infantis descobertas, para se criar uma delimitação, para evitar que crianças saiam correndo direto para a rua. Em áreas coladas a campos de futebol, ela serve como barreira física para as bolas e como arquibancada verde, onde as pessoas podem ver jogos sentadas em pontos mais altos. Em residências, elas separam a calçada pública do jardim privativo das casas, criando microclimas e dando privacidade. Próximo a bibliotecas e escolas, elas são anteparos sonoros para a redução de ruído das ruas, bem como barreiras físicas para distração do movimento das ruas.
Trata-se de um design criativo, de alto impacto urbanístico e arquitetônico, barato e tipicamente canadense. Brasil, bora copiar!!
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