Eleitorado brasileiro no Canadá cresce 77,2% em quatro anos
José Francisco Schuster é colunista do Jornal de Toronto
Confirmando a atração que o Canadá exerce sobre os brasileiros e a fuga de cérebros para o exterior, o número de brasileiros registrados para votar nas eleições do Brasil junto às repartições diplomáticas brasileiras no Canadá (a Embaixada do Brasil em Ottawa e os consulados de Toronto, Vancouver e Montreal) cresceu nada menos do que 77,2% em apenas quatro anos, passando de 22.060 eleitores em 2018 para 39.084 em 2022. O número não inclui os brasileiros temporariamente no Canadá, como os estudantes – o Canadá é o país que mais recebe estudantes do Brasil – e os que não se decidiram por fixar residência permanente no Canadá, embora morem aqui.
Este resultado faz parte do levantamento apresentado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o eleitorado brasileiro para este ano, que irá às urnas no dia 2 de outubro e, em um eventual segundo turno, regressará dia 30 de outubro. O prazo para transferência do título eleitoral encerrou-se em 4 de maio. No exterior, os eleitores votam apenas para presidente da república, enquanto os que têm título no Brasil também votarão para governador, senador, deputado federal, deputado estadual ou distrital. Não é possível votar fora do local onde o título está registrado, e deixar de votar acarreta uma série de penalidades. O brasileiro que obtém cidadania canadense vota nas eleições do Canadá para cargos no Canadá, em um processo totalmente separado, sem perda da cidadania brasileira e de seus direitos, como o de votar nas eleições brasileiras.
Assim, o crescimento do número de eleitores brasileiros no Canadá é praticamente o dobro do que aconteceu na média mundial, que foi de 39,2%. Hoje, o número de eleitores brasileiros no exterior é de 697.078, contra 500.727 em 2018. É ainda um número mais de seis vezes maior do que o crescimento geral do eleitorado brasileiro, que foi de 6,2%, passando para 156.454.011 este ano, dos 147.306.275 de 2018, puxado principalmente pela adesão de eleitores de 16 a 18 anos e acima de 70 anos, exatamente as faixas onde o voto é facultativo. O eleitorado brasileiro no exterior é superior em 90,3% ao do estado de Roraima, que possui 366.240 eleitores e que conta com oito deputados e três senadores. Já os brasileiros no exterior não podem escolher seus representantes no Congresso Nacional, ao contrário de outros países, como Portugal.
No Canadá, Vancouver, com seu inverno menos rigoroso, se destaca por o número de eleitores ter mais do que dobrado, passando de 4.497 para 10.004, o que são 122,4%. Toronto também teve um alto crescimento, de 78,1%, sendo o Consulado com o maior número de eleitores registrados no Canadá: se não chegamos a 10 mil em 2018, tendo ficado em 9.970, agora já somos nada menos do que 17.755, um número de dar inveja à população de muitos municípios brasileiros. Ottawa teve um crescimento superior a 50%, com 56,3%, passando de 1.187 para 1.855 eleitores. Já Montreal também teve um crescimento que quase chegou aos 50%, mesmo com o francês, menos popular no Brasil, sendo um empecilho a mais à imigração: passou de 6.406 eleitores em 2018 para 9.470 em 2022, quase chegando à casa dos 10 mil votantes.
O alto crescimento do número de brasileiros no Canadá nestes quatro anos deve causar muito trabalho para organizar as eleições às pequenas equipes das repartições diplomáticas no país, que há muito se ressentem de não obter um aumento de estrutura proporcional ao aumento de brasileiros e sua demanda de serviços, gerando grandes filas. Já da parte dos eleitores, a busca do Canadá como país melhor para viver, com sua política e economia mais equilibradas, com o apoio à diversidade e à inclusão e a metas ambientais, não se traduziu em 2018 em votos coerentes com estes princípios, desejando o mesmo para o Brasil, tendo ocorrido uma ampla vantagem de votos conservadores.
Por misericórdia Shuster faça uma matéria a partir dos dados do IBGE sobre os votos dos brasileiros em Toronto e no Canadá que deram mais de 70% de votos ao Bolsonaro. Se não for analisado comentado e avaliado o fenômeno nazi-fascista vai se repetir já que não se toca no assunto. Sua última frase foi singela, quase um afago na comunidade brasileira e demonstrou o temor de perder leitores.
Parabéns pela forma educada e polida de não deixar de mencionar seu próprio ponto de vista! Num ambiente politizado e polarizado, expor seu entendimento sem ataques é algo admirável. Esse tipo de atitude merece respeito, mesmo daqueles cujo entendimento não é o mesmo.