A solução pode ser um tipo de decrescimento positivo
[ONU Meio Ambiente]
Que critérios um produto deve atender para ser realmente “sustentável”? Como nossos lares serão no futuro? E como nossa economia deve mudar para as pessoas e o planeta?
Starck supervisionou 10 mil criações em seu país natal e no mundo todo, de mobília, termostatos inteligentes e bicicletas elétricas a casas pré-moldadas de madeira e edifícios. Ele acredita em “fazer mais com menos” e em criar objetos que ajudem a melhorar nossas vidas enquanto abraçam a natureza.
O conceito de propriedade pode desaparecer
No futuro, o conceito de propriedade pode desaparecer e ser substituído por uma economia do aluguel, acredita o designer. “Alguém que pega emprestado tem a responsabilidade de devolver o produto. Alguém que vende não tem essa responsabilidade – ele pode não se importar se um produto é reciclado ou não, por exemplo”, argumenta Starck. “Não venderemos produtos, mas sim serviços integrados a produtos”, afirma.
“Nossa economia deve ser completamente transformada, uma vez que nosso planeta está sendo degradado a uma velocidade muito mais rápida do que jamais vimos”, diz.
Starck também acredita que podemos abrir mão de “cerca de 70%” de toda a mobília que usamos atualmente em nossas casas. “Nossas cortinas podem ser substituídas por um cristal de vidro líquido, enquanto a tinta pode ser eletroluminescente”, sugere.
Surpreendentemente, o inventor prefere o uso de materiais sintéticos aos naturais para seu próprio trabalho. “Materiais sintéticos nascidos da genialidade humana quase sempre têm um melhor desempenho”, argumenta, completando que “preferiria trabalhar com alguém que usa plásticos totalmente rastreáveis a alguém que derruba árvores”.
Reciclagem
Para produtos serem chamados de sustentáveis, Philippe Starck acredita que eles não devem ser apenas recicláveis e usar o mínimo de materiais naturais e energia, mas devem também ser “politicamente justos”.
O designer acredita que os consumidores devem querer viver com os produtos que compram, e não jogá-los fora por capricho. Ele considera que a indústria da moda traz “vergonha” à nossa sociedade de consumo por criar novas tendências muitas vezes ao ano. Também destaca que “antes de pensar em sustentabilidade, a primeira questão deve ser: eu realmente preciso desse produto?”.
Está em nosso DNA construir e criar
Apesar disso, o designer acredita que nós não devemos buscar refrear o instinto humano de criação. “A diferença entre nós humanos e outros animais é que somos criadores. Está em nosso DNA construir e criar – não podemos ir contra isso. A solução pode, então, ser um tipo de ‘decrescimento positivo’, onde decrescemos nossa produção enquanto aumentamos nossa criatividade”.
Deixe uma resposta