A bundóloga

Acabo de saber que a sensitiva inglesa Sandra Amos é capaz de ler a bunda das pessoas. Não ria, o assunto é sério.

Antônio Francisco Pereira é escritor em MG

Vivendo e aprendendo. Acabo de saber que a sensitiva inglesa Sandra Amos é capaz de ler a bunda das pessoas. Não ria, o assunto é sério. Muitos clientes atestaram o acerto de suas previsões. E ela explica, didaticamente: “Todos carregamos nosso futuro escrito no traseiro. Mais do que isso, é como se ele fosse uma enciclopédia da nossa vida. A nádega esquerda expressa o passado, enquanto o futuro está ali mesmo, entre carne, músculo e celulite, do lado direito”.

Ou seja, assim como o cérebro tem dois hemisférios e cada um exerce uma função, os flancos do nosso traseiro também têm registros diferentes. Quando você repousa numa cadeira, por exemplo, está sentando em cima do seu passado e do seu futuro.

Com “anos” de experiência (o trocadilho é inevitável), Sandra esclarece que os babilônios, os antigos gregos e romanos já praticavam essa técnica pra lá de curiosa: ler bundas. Eu nunca soube disso. Quer dizer então que, se Ulisses tivesse consultado uma vidente dessas na época, ele saberia com antecedência que nem sua mulher iria reconhecê-lo na sua volta pra casa?

Outra curiosidade revelada pela rumpologia (nome correto do ofício) é que as nádegas, pelo seu formato, mostram também traços da personalidade do indivíduo. Alguns exemplos: Forma de maçã: pessoa carismática, dinâmica e criativa. Forma de pera: caráter firme e paciente. Redonda: alegre e otimista. Côncava: negativa e deprimida.

Se tem maçã e pera nesse catálogo, certamente haverá uma leitura para a mulher melancia, mulher melão, mulher moranguinho e outras frutas tropicais.

Pelo que li, a agenda de Sandra Amos está lotada. Astros de Hollywood e esportistas famosos não veem a hora de baixar as calças diante dela antes de aceitar um novo papel no cinema ou fechar um contrato no Paris Saint Germain.

Até alguns políticos brasileiros, de olho nas eleições desse ano, tentaram agendar uma consulta com ela para examinar suas possibilidades. Mas, nesses casos, a vidente foi curta e grossa: “não preciso ver a bunda deles para saber que vai dar merda” (tradução livre).

De minha parte, como tenho mais passado que futuro e como a minha vida já é um livro aberto, não preciso que ninguém leia a minha bunda. Nessa idade, mal consigo limpá-la diariamente.

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2 comentários em A bundóloga

  1. Caríssimo amigo e escritor Antonio Francisco Pereira, amei o seu artigo e sua admirável e fina ironia que me permitiu saber desta nova ciência, a rumpologia. Sempre gostei de oráculos, astrologia, cartomancia,quirologia, advinhações,previsões e que tais. Pena que a esta altura da vida já não importa muito a leitura dos meus glúteos depois da montanha de dejetos já feita. A sorte já foi lançada!E o que muito(ou pouco) me resta é esta bunda amassada de tanto levar palmada (apenas para ser rimada)….
    Um abraço. Marcia Villela

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