Primeira vez: meio de transporte

Depois de quase um mês no Canadá, os dois se deram conta de que era hora de dar um passo importante…

Letícia Tórgo é escritora, tradutora e produtora cultural

Domingo, 9:30am. O despertador tocou cedo na casa de Mauricio e Fabio. Eles tinham uma missão importante a fazer e não queriam perder tempo por nada. Depois de quase um mês no Canadá, os dois se deram conta de que era hora de dar um passo importante: garantir um meio de transporte para se locomover pela cidade.

Pegaram o metrô e foram direto para a loja, conforme planejado na noite anterior. As opções eram muitas e, ao final, a pesquisa na internet não ajudou tanto. O que eles realmente procuravam não estava disponível. Os detalhes, finalmente, ganharam importância e eles perderam mais tempo do que o previsto na sessão de acessórios. Bancos confortáveis, itens de segurança, um bagageiro suficientemente grande para carregar compras de supermercado: estes eram apenas alguns dos artigos em pauta. A loja convidava à dispersão, mas Mauricio foi consciente: “Precisamos focar no que está na lista”.

A ideia era sair da loja conduzindo, mesmo sem saber direito o trajeto de volta até em casa. Nestas horas, Google Maps vira melhor amigo e se a internet falha, a gente se sente “na merda”. O atendente foi gentil e finalmente a escolha havia sido feita. Partiram para a área de pagamento e perceberam que não haviam calculado os impostos. Ok, mesmo passando um pouco do budget, no final, estavam satisfeitos.

No estacionamento, fizeram pequenos ajustes nos bancos, checaram a buzina e organizaram o bagageiro. Azar de principiante, ou sorte, uma fina chuva caía. Eles sorriram. Estavam felizes. Afinal, para um imigrante, toda pequena vitória vira uma grande conquista. Os dois se olharam e riram da chuva, que parecia cada vez mais provocativa. “Deixa molhar.” Oh, Canadá!

Já na calçada, colocaram os capacetes, subiram na bike e começaram a pedalar de volta para casa. Pareciam verdadeiros ciclistas de primeira viagem.

Finalmente motorizados e levemente molhados, estavam tão felizes que acharam melhor não consultar o mapa. Lá foram eles, pela ciclovia, desbravar como grandes aventureiros a sua nova cidade.