As crianças, a autoestima e a escola

As crianças que possuem laços afetivos sólidos aprendem mais e melhor.

Foto: Cheryl T.

Simone Almeida é psicopedagoga

Na minha época, criança tinha direito a quatro coisas: comer, vestir, brincar e ir à escola. Não importava para os pais se a gente gostava da escola, nem da comida, e a roupa era só para vestir mesmo. Gostar era luxo, e para poucos… mas o brincar era livre e não havia nenhum adulto vigiando; criatividade rolava solta e um tomava conta do outro, chamar um adulto só em caso de acidente grave.

Será que alguém se preocupava com a autoestima naquela época? E hoje em dia? Afinal, o que é autoestima? Bem, na verdade a autoestima não tem relação com felicidade e nem com alegria, não é uma característica e sim uma funcionalidade do ser consigo mesmo. A autoestima é construída diante das relações vinculares da criança com seus pais, irmãos, avós, tios, amiguinhos e com a escola, onde será testada e redimensionada.

A autoestima é a maneira como você se enxerga – e não apenas se somos feios ou bonitos, mas se somos capazes ou incapazes de fazer algo, ou de aprender coisas novas, enfrentando desafios e transferindo o sentimento para a ação. Sendo assim, o indivíduo que tem autoestima negativa de si mesmo poderá fracassar em muitas ações, e muitas vezes apresentar dificuldades de aprendizagem, por não se considerar capaz. Em alguns casos, essa característica poderá ser confundida com preguiça, indisciplina, etc. Por isso, devemos prestar muita atenção quando uma criança demonstra dificuldades na escola ou em casa e, se necessário, procurar um especialista em aprendizagem (um psicopedagogo).

A criança reage aos estímulos e relações que vai construindo durante sua vida, estabelecidas com o mundo à sua volta. No ambiente escolar, a criança pequena traz sua autoestima de casa, ou seja, a relação afetiva familiar é a base para a construção da autoestima escolar. Podemos dizer então que as crianças que possuem laços afetivos bem construídos e sólidos aprendem mais e melhor? Sim, sem dúvida.

Mas não podemos esquecer que, em alguns casos, existem questões orgânicas ou psicossomáticas que merecem igual respeito e cuidado; o psicopedagogo então poderá indicar uma equipe multidisciplinar (fonoaudiólogos, psicólogos, psiquiatras e oftalmologistas) e, dessa forma, auxiliar cada um dentro de suas especificidades.

Devemos compreender as necessidades de desenvolvimento das crianças com relação às suas relações interpessoais, permitindo que cada uma construa seu potencial máximo individual com base em relações positivas reais.

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2 comentários em As crianças, a autoestima e a escola

  1. Era bem isso, eram os pais que mandavam e os filhos obedeciam.

  2. Artigo muito interessante onde trás uma referência dos tantos desajustes que uma criança irá levar consigo para sua adolescência e vida adulta. O comportamento de baixa-estima é um dos que mais faz uma criança sofrer bullying e leva-la ao suicidio. Alguns chegam a idade adulta e resolve procurar terapia mas quantos anos passaram vivendo uma vida de desamor, incompreensões e sem alegrias?

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